Muita gente só percebe que tem postura ruim quando as dores já se tornaram parte do dia a dia. E eu sei bem como é conviver com isso: dores nas costas, cansaço, dificuldade para ficar muito tempo sentado ou em pé. O que poucos sabem é que a avaliação postural é uma ferramenta essencial para identificar problemas antes que eles virem algo mais sério.
Como ortopedista especializado em coluna, sempre explico aos pacientes que a postura influencia não só a coluna, mas também a respiração, a circulação e até o humor. Cuidar dela é ter saúde como um todo. Mas afinal, você sabe quando procurar por uma avaliação e como ela é feita?
Hoje vou te ajudar a entender isso melhor, mostrando a importância de uma avaliação e o que fazer caso apareça algo de errado nos resultados.
Essa é uma pergunta muito comum aqui no consultório, e a resposta é mais simples do que parece: a avaliação postural não deve ser feita apenas quando a dor já está insuportável. Ela tem um papel preventivo e, por isso, deve ser feita em qualquer fase da vida.
Crianças e adolescentes, por exemplo, devem ser avaliados principalmente durante a fase de crescimento, quando a coluna está mais vulnerável a desvios, como a escoliose. Adultos que passam horas no computador ou dirigindo também se beneficiam muito desta avaliação, porque o sedentarismo e a má ergonomia no trabalho favorecem vícios posturais.
E claro, se você já apresenta sintomas como dores constantes nas costas, pescoço ou ombros, sensação de peso ou cansaço ao final do dia não hesite. Não espere alguém falar que você está andando “torto”! Quanto mais cedo a gente identificar o problema, maiores as chances de corrigir sem precisar de tratamentos mais complexos.
A avaliação postural precisa ser com um profissional da área, como médico ortopedista ou fisioterapeuta especialista. No consultório, eu começo com uma conversa para entender a rotina do paciente: como ele trabalha, como dorme, quais atividades físicas pratica, se já teve lesões anteriores. Tudo isso influencia na postura atual.
Depois, passo para o exame físico. Observo a posição dos ombros, a curvatura da coluna de perfil e de frente, a simetria do quadril e dos joelhos. Em muitos casos, usamos recursos como fotografia ou vídeo para documentar e comparar a evolução ao longo do tratamento. Também posso solicitar exames de imagem como radiografias ou ressonâncias, se houver suspeita de alterações estruturais mais importantes.
É um processo rápido, sem dor e muito importante. Muitos pacientes ficam surpresos ao ver no espelho ou na foto o quanto a postura está desalinhada sem que eles percebessem no dia a dia.
A postura incorreta costuma provocar uma série de alterações na coluna e em outras partes do corpo. Um dos mais comuns é a hipercifose torácica, aquela curvatura exagerada na parte alta das costas que dá a aparência de corcunda. Também vejo bastante hiperlordose lombar, em que a curvatura na lombar fica exagerada e causa dores nessa região.
A escoliose funcional, causada por vícios posturais ou diferença de comprimento entre as pernas, também é bastante frequente. Além disso, a má postura pode levar a dores tensionais no pescoço e nos ombros, enrijecimento muscular, dor de cabeça e até dificuldades para respirar plenamente, já que a caixa torácica fica comprimida.
Esses problemas não aparecem de uma hora para outra. São anos mantendo hábitos ruins que acabam exigindo do corpo uma compensação. Por isso a avaliação é tão importante: permite identificar essas alterações logo no início.
A correção da postura começa por conscientização. É preciso se dar conta de como você se posiciona ao longo do dia para conseguir mudar. No consultório, oriento sempre sobre ergonomia: ajustar a altura da cadeira, a posição do computador, usar apoio para os pés se necessário. Pequenas mudanças no ambiente já fazem diferença.
Além disso, o fortalecimento muscular é fundamental. Muitas vezes, a má postura vem de músculos enfraquecidos ou encurtados. Programas de fisioterapia, pilates clínico e exercícios específicos ajudam a alongar a musculatura posterior e fortalecer a região abdominal e lombar.
Em casos mais avançados, em que já há deformidades estruturais, podemos lançar mão de órteses (coletes), infiltrações para controlar a dor ou até mesmo cirurgia em situações muito específicas. Mas na grande maioria das vezes, corrigir hábitos e trabalhar a musculatura já resolve bem.
E o mais importante: postura não é algo que você conserta de uma vez por todas e depois não precisa se preocupar mais. É uma atenção constante, que precisa ser no dia a dia.
Se você percebe que sua postura está te trazendo dor ou desconforto, ou se quer simplesmente prevenir problemas maiores no futuro, fazer uma avaliação postural é o primeiro passo para o melhor tratamento. Eu estou à disposição para te ajudar. Agende sua avaliação comigo e vamos entender juntos como está a saúde da sua coluna. Cuidar da sua postura é cuidar do seu corpo por inteiro. Vamos começar?