Quando a dor nas costas se torna uma constante, limitando sua rotina e minando sua qualidade de vida, é natural buscar soluções mais definitivas. Muitos pacientes chegam ao meu consultório já cansados de tratamentos conservadores, como fisioterapia, medicamentos e bloqueios que só aliviam temporariamente ou às vezes não fazem mais o mesmo efeito. Para alguns desses casos, a artrodese de coluna é a alternativa mais eficaz.
Como ortopedista especialista em coluna, sei que a palavra “cirurgia” assusta. Mas a verdade é que a artrodese é um procedimento seguro, bem estudado e que pode transformar a vida de quem sofre com dores crônicas e instabilidade vertebral.
Se você quer entender o que é a artrodese, quando ela é indicada e como ela pode ajudar, vou te explicar tudo, de forma clara e direta.
É uma cirurgia que tem como objetivo estabilizar dois ou mais segmentos da coluna que estão se movimentando de forma anormal e gerando dor. De forma simples, o que fazemos é unir de forma permanente duas vértebras, o que impede que elas deslizem uma sobre a outra. Para isso, usamos parafusos, hastes e, em alguns casos, enxertos ósseos. Tudo isso ajuda a formar uma ponte de osso entre as vértebras — promovendo a chamada fusão óssea.
É importante entender que a artrodese não é para qualquer dor na coluna. Ela é boa quando identificamos instabilidade estrutural ou doenças degenerativas graves que não respondem mais a tratamentos menos invasivos. Em muitos casos, a artrodese é feita junto com a descompressão de nervos, quando há hérnias ou estenoses causando dor que irradia.
Hoje em dia, graças a técnicas minimamente invasivas e equipamentos de última geração, a artrodese tem incisões menores, menos cortes e recuperação mais rápida do que se imagina.
Os benefícios da artrodese vão muito além de “sumir com a dor”. Ela devolve ao paciente a confiança nos movimentos, permite retomar atividades diárias sem medo e previne a progressão de deformidades na coluna.
O principal benefício, claro, é a redução ou eliminação da dor que a instabilidade causa. Ao impedir o movimento excessivo entre as vértebras, eliminamos a irritação constante dos nervos e das articulações. Outro ganho importante é a melhora na postura. Em casos de escoliose ou de espondilolistese, por exemplo, a artrodese corrige desalinhamentos que antes comprometiam até mesmo a estética e o equilíbrio do paciente.
Além disso, ao estabilizar a coluna, prevenimos a degeneração acelerada de outros discos vizinhos que estavam sofrendo com a sobrecarga. Em outras palavras: a cirurgia não só trata o problema atual como ajuda a proteger a saúde da coluna a longo prazo.
Algo que pouca gente fala também, mas que vejo todos os dias: a melhora psicológica. Viver com dor crônica cansa, desanima e tira a disposição de qualquer pessoa. Quando a dor vai embora, o paciente ganha de volta a alegria de viver.
A artrodese não é a primeira opção de tratamento — e nem deve ser. Antes dela, tentamos sempre métodos menos invasivos, como fisioterapia, infiltrações, medicamentos, fortalecimento muscular. Mas há casos em que nada disso resolve porque o problema é mecânico e estrutural. Entre as indicações mais comuns estão:
Instabilidade vertebral: quando há um “escorregamento” entre as vértebras (espondilolistese) que gera dor e risco de lesão no nervo.
Hérnias de disco recidivantes ou múltiplas: quando as descompressões isoladas não são suficientes para aliviar a hérnia.
Deformidades: como escoliose grave ou cifose, que são causas importantes que comprometem a postura e a função da coluna de dar estrutura ao corpo.
Fraturas vertebrais: em que há risco de colapso ou lesão medular.
Doenças degenerativas avançadas: como artrose severa das articulações da coluna com instabilidade. A artrose é o desgaste da cartilagem que protege o contato entre as vértebras.
A decisão de operar é sempre muito individualizada e feita com base em exames clínicos, de imagem e na história do paciente.
Essa é outra dúvida comum no consultório. Afinal, “travar” parte da coluna não vai limitar seus movimentos? A resposta é: menos do que você imagina.
A artrodese restringe o movimento apenas no segmento operado, que normalmente já estava comprometido. As demais vértebras continuam funcionando normalmente, compensando em boa parte a mobilidade perdida.
No dia a dia, a maioria dos pacientes não percebe diferença significativa nas atividades comuns — e ganha muito mais em qualidade de vida com a eliminação da dor e da insegurança ao se movimentar.
Com fisioterapia pós-operatória e fortalecimento muscular, é possível voltar a trabalhar, dirigir, viajar e até praticar atividades físicas sem maiores restrições. A chave para uma boa recuperação é seguir as orientações médicas, respeitar o tempo do corpo e cuidar da coluna no longo prazo.
Se você sofre com dores constantes na coluna e já tentou vários tratamentos sem sucesso, pode ser que a artrodese de coluna seja uma opção para o seu caso. Mas só uma avaliação completa pode confirmar a indicação e explicar todos os detalhes para que você tome sua decisão com segurança.
Se você precisa de uma avaliação, vamos conversar sobre sua dor, entender suas necessidades e encontrar o melhor caminho para que você volte a viver sem limitações. Sua coluna merece cuidado e você merece viver sem dor.